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quarta-feira, 20 de setembro de 2017

24 DE SETEMBRO E SUA PRÉ-HISTÓRIA

GUINÉ-BISSAU: DE UM PROJETO DE CONSTRUÇÃO DO ESTADO NACIONAL A UM ESTADO À DERIVA

Falar da independência da Guiné-Bissau pressupõe-se a falar um pouco de sua história e história do povo que ali vivia antes da ocupação estrangeira.

“GUINÉ-BISSAU” ANTES DA INVASÃO ESTRANGEIRA

Se basearmos-nos na necessidade que homem sempre tem a se deslocar, devido a sua sobrevivência, à procura de espaços férteis, chegaremos à conclusão de que já havia existido, no território, hoje Guiné-Bissau, povos que a habitavam.
Só que a origem histórica do povoamento da Guiné-Bissau durante milênio, salvo erro, continua em anonimato dentre os próprios guineenses. Esse é um dos desafios da nova geração: de pesquisar e estudar a sua história. Emília Viotti da Costa nos leva a pensar bastante sobre isso, ao afirmar: "Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado.

Então, precisa refletir-se que a zona litoral, foi um dos principais fatores da imigração dos ancestrais guineenses, atualmente, formando-se como uma única nação. Tendo nela os fulupes, balantas, pepeles, fulas, mandjacos, mancanhes, budjugos, biafadas, mandingas e muitas outras etnias.


“GUINÉ-BISSAU”, A INVASÃO ESTRANGEIRA – ISLAMISMO

Segundo a história nos ensina, a invasão islâmica foi a primeira que a invasão cristã. O islamismo chegou à Guiné-Bissau nos meados do século XIII e se instalou, sobretudo, na região leste. E, devido a sua força bélica e  religiosa, ou seja, força muito bem estruturada, obrigaram os nativos que, ali viviam, a se recuar mais para o interior do país, a procura da proteção, outrora, contra a própria islamização. Os nativos que permaneciam sob seus controles, sem condição de lutar, passaram a submeter e adquirir o islã como o seu caminho da fé.


Figura abaixo demonstra a rota da penetração dos islãs:


Os camelos eram os meios apropriados para transportar as cargas, sobretudo, as da primeira necessidade, durante a expedição e conquista islâmica.  


Os cavalos e as espadas são instrumentos de combate. 



 “GUINÉ-BISSAU”, A INVASÃO ESTRANGEIRA – CRISTIANISMO  

Com a invasão dos cristãos portugueses, no século XV, com seus navios enfeitados de cruzes, como se vê na imagem a seguir: 


Pois é, com a chegada dos portugueses à Guiné-Bissau, a história e o modo de ser dos nativos se transformaram radicalmente: na sua forma de se comunicar, de se vestir, inclusive a sua culinária, a sua forma de enxergar e pensar o mundo, principalmente no campo religioso. Lembrando que tudo não foi dado de graça aos nativos, e sim, na base da imposição, tanto a dos islãs quanto a dos cristãos. A partir daí, nasceram na Guiné-Bissau as duas novas religiões mais populares do país: Islã e Cristão. Muito embora ainda sobrevivem as religiões de matriz africana, professada por grande maioria.
Os colonos portugueses, ao lado das missões jesuítas, criadas, segundo o Vaticano, para levar a palavra do Cristo, se mobilizaram a catequizar os nativos guineenses, negando categoricamente seus valores ancestrais. A justificativa dos colonos era civilizar os filhos da terra, que eram tachados de gentios. Pelo respeito e consideração que os portugueses tinham pelo islamismo que ali encontraram, os nativos islamizados não sofreram a perseguição nem foram catequizados, muito menos submetidos a trabalho brutal.
A selvageria dos colonos portugueses atormentava constantemente a vida dos nativos resistentes aos valores europeus, tais nativos, inconformados com a cultura do homem branco, acabaram se afastar, para não se perderem no tempo e espaço das suas raízes, como tem acontecido com muitos.
Lembrando que, socialmente, essa resistência aos valores europeus tem preços. Os resistentes eram chamados de “os não civilizados,” tanto pelos homens brancos quanto pelos nativos que se incorporavam ao sistema e ideal europeu. A liberdade de pensamento era absolutamente negada. A economia do país era essencialmente controlada pelo rei de Portugal, D. Pedro. A educação formal era preconceituosamente seletiva. Tinha acesso ao ensino-aprendizagem apenas filhos dos que coabitavam com os valores europeus - língua, religião, vestimenta, ideologia.

GUINÉ-BISSAU, DURANTE A LUTA PELA INDEPENDÊNCIA

Acompanhando a descriminação cultural, religiosa e socioeconômica dos invasores portugueses, os jovens das décadas quarenta e sessenta, com a influência dos países socialistas, sobretudo, da antiga União Soviética, se mobilizaram para lutar pela independência nacional. Dentre esses jovens de então, o Amilcar Cabral foi o destaque.
    Em decorrência da insurreição armada, todas as etnias guineenses se juntaram por um único objetivo: conquistar a sua soberania. Sobretudo, para defender os seus valores e a integridade física da nação. 

Infelizmente, em 1973, Amilcar Cabral faleceu, um ano depois a Guiné-Bissau se libertou fisicamente dos colonos portugueses.

GUINÉ-BISSAU, DEPOIS DOS PORTUGUESES

Os portugueses foram embora, os guineenses assumiram o destino do país. O povo, com a expectativa, aguardando ansiosamente os dias melhores, tais dias que foram negados pelos colonos portugueses: de promover a educação de qualidade e respeitar os valores intrínsecos dos ancestrais guineenses.
Infelizmente o anseio popular permanece apenas na expectativa. Pois, até hoje a educação continua seletiva, ou excludente. Guineenses permanecem simbolicamente divididos, entre os adeptos da crença de matriz africana, islâmica e cristã. Tudo se piorou com o advento da democracia. A pobreza, a violência física ou moral crescente, e sem falar da injustiça decorrente no país. A Guiné-Bissau, um Estado à deriva, sem projeto social, para apagar as cicatrizes vividas pelo povo há séculos.

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EM FIM

Este é o país que fomos dados, a REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU. Desenhada, no gabinete, ao bel-prazer do colonizador.

Esta é a bandeira, símbolo da unidade nacional, enfeitada com três cores: vermelha, amarela e verde, com uma estrela preta, simbolizando a grandeza de uma nação.



Esta é a nossa história. História da nossa pátria amada. Povo e sua história. A nossa história. História da Guiné-Bissau.

Escritor Marcelo Aratum 

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