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domingo, 1 de novembro de 2015

CACHEU DE GÃ DA SILVA - LEMBRANÇA

Estou de volta!


Estou de volta, firme e forte, graças aos médicos, graças aos remédios, graças aos meus eminentes deuses: Ussai Catur, Mama Ddjumbo. Ussai Pidjinar, Ussai Bacassa, Ussai Bitchempil, etc. São eles, os todo-poderosos, os Deuses que acompanharam a minha infância e continuam acompanhando as progressões minhas! Também, não deixo de agradecer àqueles que utilizaram outros dispositivos de esperança para me oxigenar. Principalmente, os que invocaram Deus. Muito embora, não sei a que Deus se trata. Não sei se era Deus dos taoísmos, ou Deus dos Judeus, ou Deus dos cristãos, ou Deus dos islâmicos, ou o nosso Deus. Mas, não importa. No inverno, qualquer casaco serve.

A LEMBRANÇA

Transformei o silêncio meu, no ócio criativo, perambulando, incansavelmente, nesta nuvem fantasmagórica de Cacheu. Cacheu da minha infância. CACHEU DE GÃ DA SILVA.  Cacheu de mar, Cacheu de vento, de vento que vem do mar. Cacheu de chuva, a chuva que transborda, enrolando como uma serpente que se mergulha no mar, mar de Cacheu. Cacheu de pássaros: Kinan kói, Kikia, Pato-feron, Djugudê, Tchin-Tchor, Djamba. Cacheu de sol infernal: Duque Djassi, Avelino Sousa Delgado, Samba Lamine Mané, Satu Camará. Cacheu de lua, de lua cheia. Cheia era as mulheres de Cacheu: Tia Sucar, tia Clarice, tia Lúcia, tia Júlia, tia Cecília e tias.  As tias que se harmonizavam em volta dos valentes homens de Catcheu: tio Samba, tio Zé Clara, tio Remundo, tio Seco Sila, tio Ansumane Camará, tio Só Domingos, tio Albino. Os tios que harmonizavam em torno dos brilhantes jovens: Miro Baticã, Nenecinho, Beto Baticã, César, Cepa, Cacheta, Tcha-tcha-tcha Aratum kkkkk, Maquebá, Matchon, Lubo, Nkudji, Luiz Martins, Djirmita, Duarte, Degol Mendes, Junior, Tencó, Helmer Baticã, Nduba, Odília, Deodata, Zita, Yurna, Aliu, Sacô, Mambrama Camará, Mariama, Sirifo Camará, Konhé, Zé Martins, Nhelém, Góia, Nparbai, entre outros e outros que permanecem no coração de Cacheu e dos cacheus.

A LEMBRANÇA

A lembrança de tchocote kuco de cadju. A lembrança! Lembrança de kamba tapada pá furta midjo de Braima Plud. Lembrança! Lembrança de lua cheia, camba kintal pá furta laranja de tio Remundo. Lembrança! Lembrança de bu pude kume? Nó bai quatro caminho, si bu fiança. Lembrança de nada na purto. Lembrança de tantos valores que o tempo engoliu. Mas, o tempo deixou vivo, um dos valores que marcaram a cidade de Catcheu: djambadon. Djambadon de murcunda e djambadon de ribada. Lembrança de kankurã na sai aós, paga canderro, pá durme cedo. Lembrança de parce item kumpó aós na ribada, na murcunda. Má ina sai tambi mandungula ku Nhi-ri-nhará. Lembrança de forombai, a deusa das mulheres de Cacheu. Lembrança, lembrança, lembrança...

A LEMBRANÇA

Lembrança das festas de LAMBADA-2000. As festas feitas sob grande discussão entre os muçulmanos, cristãos e religião da matriz africana, na qual faço parte. O centro da discussão era a proporcionalidade de cerveja e “sumo” e, também, de não continuidade da carne de cabra nas festas, já que muitos gostavam da carne de porco, inclusive balanta Yurna kkkkkk. Lembrança! Lembrança de dançar no pátio do restaurante, com uniforme, para divertir os brancos enquanto comendo, por razão de simples moedas. Mas, com alguns colegas, criamos movimento contra essa prática.  Contudo, continuávamos ganhando dinheiro pelas lavouras. Em que Miro Baticã e Yurna eram chamados de cure-mudjo kkkkkkkkkkkk. Lembrança que o tempo levou e deixou apenas a SAUDADE, SAUDADE, 
SAUDADE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Leia o meu livro, NOITE DAS LÁGRIMAS EM ÁFRICA, para se aprofundar sobre a minha cidade da infância: CACHEU DE GÃ DA SILVA.


MARCELO ARATUM

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